Este material pode ser utilizado como curiosidade em uma introdução ao assunto de articulações, mostrando sua aplicabilidade tanto na investigação forense quanto na paleontologia e arquiologia. Dados advindos de estudos anatômicos encontram aplicabilidade em diversas áreas correlatas. Um exemplo dessa aplicação é na arqueologia e paleontologia, por meio da ciência denominada Tafonomia. Essa ciência estuda os processos que agem na vida de um fóssil, ou seja, desde sua morte até ser encontrado pelo pesquisador. Dentre os fatores fundamentais para a tafonomia de vertebrados pode-se citar a desarticulação e a composição dos ossos em questão. Por isso é fundamental conhecer os aspectos tafonômicos que regeram a origem de determinado sítio fossilífero, conceitos que também podem ser aplicados para investigações forenses.
Visando compreender o que acontece com um vertebrado após sua morte, um pesquisador chamado Toots (num trabalho de 1965) estudou os processos de desarticulação, enumerando a ordem natural em que as peças esqueletais se desprendem da carcaça, chegando à seguinte sequencia:
Visando compreender o que acontece com um vertebrado após sua morte, um pesquisador chamado Toots (num trabalho de 1965) estudou os processos de desarticulação, enumerando a ordem natural em que as peças esqueletais se desprendem da carcaça, chegando à seguinte sequencia:
1) desconexão do crânio;
2) desencaixe da mandíbula;
3) desconexão das cinturas pélvica e escapular;
4) desconexão dos membros em ossos isolados;
5) desencaixe das costelas;
6) desarticulação da coluna vertebral.
Esqueleto de vaca em estágio
intermediário de desarticulação. Nas fotos pode-se observar que os ossos do
crânio e dos membros já estão desarticulados e levemente transportados para
longe do resto do esqueleto, mas a coluna vertebral ainda se mantém firmemente
conectada. Isso ocorre porque os ligamentos que a mantém unida são mais
resistentes que os demais (Fonte:
http://www.ufrgs.br/paleodigital/Tafonomia2.html)
Com base nestes dados, Voorhies num trabalho de 1969 elaborou três grupos para compreender o transporte desta estruturas ósseas, que ficaram denominadas como Grupos de Voorhies. Estes grupos levam em consideração a facilidade que determinados ossos tem de serem transportados:
Grupo 1: Composto por tarsais, carpais e falanges, são mais facilmente transportados.
Grupo 2: Engloba os elementos removidos gradualmente por rolamento e/ou saltação.
Grupo 3: Composto por elementos pesados que são pouco transportados, tais como crânio e mandíbula.
Grupo 1: Composto por tarsais, carpais e falanges, são mais facilmente transportados.
Grupo 2: Engloba os elementos removidos gradualmente por rolamento e/ou saltação.
Grupo 3: Composto por elementos pesados que são pouco transportados, tais como crânio e mandíbula.
Restos esqueletais de um cinodonte,
parente dos mamíferos, que viveu no período Triássico (245 a 208 Ma). (A)
dentes (A), vértebras (B), fêmur (C) e crânio (D) encontrados juntos, indicando
que não houve seleção por transporte hidráulico (Grupos de Voorhies) (Fonte
http://www.ufrgs.br/paleodigital/Tafonomia3.html).
Deste modo, ao se encontrar uma concentração de elementos ósseos pequenos pode-se inferir que houve significativo transporte seletivo, e que esse sítio corresponde à uma ocorrência alóctone, ou seja, distante do local de morte. Em contrapartida, geralmente onde se encontra o crânio e mandíbula, pode-se dizer que se não está no sítio de morte, está muito próximo a ele.
Torna-se importante salientar, que nem sempre um baixo grau de desarticulação significa pouco transporte, pois pode ocorrer de carcaças inchadas pelos gases da putrefação, serem transportadas para longe de seu local de morte, quando incorporadas pela carga do canal antes que estes gases escapem e a carcaça afunde, assim representando falsamente o sítio de morte. Pode-se detectar esta situação observando se há um modo caótico na disposição dos ossos, uma vez que quando o gás escapa, o organismo afunda e a preservação ocorre do jeito que a carcaça se acomodou no fundo do corpo d'água.
Este espécime da ave primitiva
Archaeopteryx lithographica, encontrado na Formação Solnhofen, do Jurássico
Superior (161 a 145 milhões de anos atrás) apresenta uma curvatura cervical
bastante comum em carcaças preservadas sem terem sofrido transporte (Fonte
http://www.ufrgs.br/paleodigital/Tafonomia3.html).
Portanto nem sempre será fácil observar se o cadáver ou o fóssil encontra-se em seu sítio de morte, sendo a análise tafonômica fundamental para elucidar esta questão.
Fontes:
Disponível em <http://www.ufrgs.br/paleodigital/Tafonomia.html>, acesso em 28-05-2014.
HOLZ, M.; SIMÕES, M.G. Elementos fundamentais de Tafonomia. Porto Alegre: ed. UFRGS, 2002.
1_ BIO_LIC_VB_LILIANE_MULLER_.Este assunto é muito interessante como introdução ao assunto de articulações, chamando assim a atenção do aluno pois mostram assuntos os quais fogem da rotina de um aluno como exemplo a investigação forense, paleontologia e arqueologia os quais foram citados.
ResponderExcluirO blog Anatomia em Foco agradece a sua contribuição.
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